31 de julho de 2025

Escrituras, Teologia

COMO LER GÁLATAS – DEVOCIONAL

Gálatas se assemelha a um dramático julgamento num tribunal. Num extremo de sala, estão os acusadores de Paulo. Persuasivos e poderosos, esses “judaizantes” têm seguido Paulo de cidade em cidade, disseminando o erro e contradizendo a sua versão da fé cristã. No outro extremo, o juri: os crentes gálatas. Eles mantinham calorosa amizade com Paulo no passado, mas algumas das acusações contra ele são sérias. Será que ele inventou parte do evangelho que lhes pregou? É certo que Deus deu a ele uma percepção especial? É certo que sua mensagem de “liberdade” resultará numa igreja fraca e imoral? Deveriam eles dar as costas à sua herança judaica? Paulo, falando por iniciativa própria, caminha de um lado para o outro na sala. Ele usa uma variedade de estilos em seu debate: uma lógica imbatível, citações da história e indignação pessoal. É a integridade pessoal dele e, em última análise, a integridade de Cristo, que está em jogo. Quanto aos assuntos de que trata, Gálatas cobre grande parte do que foi abordado em Romanos. Mas, quanto ao estilo, exibe um espírito combativo. Durante a leitura, tente visualizar essa sala judicial e julgue por si mesmo a eficácia de Paulo como advogado de defesa. LEIA TODA A EPÍSTOLA DE GÁLATAS EM 5 DIAS: Capítulo 1 – Dia 1.Capítulo 2 – Dia 2.Capítulo 3 – Dia 3.Capítulo 4 – Dia 4.Capítulo 5 e 6 – Dia 5. – Extraído da Bíblia Devocional de Estudo, Introdução ao Livro de Gálatas – pág. 1169.

Escrituras, Teologia

A NTLH NÃO É UMA TRADUÇÃO DA BÍBLIA

A NTLH (Nova Tradução na Linguagem de Hoje) não é uma tradução da Bíblia. É isso mesmo que o título afirma: a NTLH não é uma tradução ou uma versão, ela é uma paráfrase. Diferente das outras versões da Bíblia como ACF, ARA, NVI, NVT, a NTLH não traduz o texto hebraico/aramaico do Antigo Testamento, nem o texto grego do Novo Testamento para o Português. Embora o significado da palavra “paráfrase” caiba a ideia de tradução, a NTLH é uma interpretação em que o autor procura escrever em cima do texto conforme seu entendimento. A NTLH foi desenvolvida pela Comissão de Tradução da Sociedade Bíblica do Brasil, onde afirmavam trazer uma “linguagem acessível” sem perder o significado dos textos originais. O problema é que essa paráfrase não traz fidelidade aos originais, pois é uma interpretação dessa comissão de tradutores acerca dos textos bíblicos. Além disso, omite uma série de palavras e mudam o significado de muitos textos. A NTLH pode ser considerada como uma paráfrase “sem graça” da Bíblia, pois omite, apaga, esconde a palavra “graça” em diversos textos, como Lucas 1.30, 2.40 e Salmos 13.5: “Mas o anjo lhe disse: Maria, não temas; porque achaste graça diante de Deus.” — ARA“Então o anjo continuou: — Não tenha medo, Maria! Deus está contente com você.” — NTLH “Crescia o menino e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria; e a GRAÇA de Deus estava sobre ele.” — ARA“O menino crescia e ficava forte; tinha muita sabedoria e era abençoado por Deus.” — NTLH “No tocante a mim, confio na tua GRAÇA; regozije-se o meu coração na tua salvação.” — ARA“Eu confio no teu amor. O meu coração ficará alegre, pois tu me salvarás.” — NTLH Outro ponto é que de Gênesis a Apocalipse, encontramos a palavra “súplica” apenas uma vez na NTLH. É um detalhe importante, pois a súplica fez parte do povo de Deus em toda a história, tanto no AT, quanto no NT. A NTLH faz questão de excluir e ignorar essa expressão bíblica. Vejamos Salmo 6.9: “o Senhor ouviu a minha SÚPLICA; o Senhor acolhe a minha oração” — ARA“ele me escuta quando peço ajuda e atende as minhas orações” — NTLH Seja como for, a NTLH não se propõe a transmitir de fato as ideias originais do texto bíblico. Sua intenção é modernizar a Palavra de Deus, usando a desculpa de que traz uma linguagem mais acessível ao povo, quando, na verdade, excluem expressões importantes dos textos originais. Se você tem lido a Bíblia na paráfrase NTLH, saiba que não está lendo a Bíblia. É a leitura de uma paráfrase, uma interpretação – nisso ainda podemos encaixar outra paráfrase chamada “A Mensagem” e talvez até mesmo a Bíblia Viva.Leia uma tradução da Palavra de Deus. Mesmo que opte por versões traduzidas por equivalência formal (como a Almeida Corrigida Fiel) ou por versões traduzidas por equivalência dinâmica (como NVI e NVT), é importante se aprofundar no que é tradução, e não paráfrase. A paráfrase tem seu lugar, é importante conhecermos, mas não devemos chamar de versão, nem de tradução da Bíblia.

Fim dos Tempos, Pensamentos, Teologia

Satanás era Lúcifer?

Ao longo da história da igreja, consolidou-se a ideia de que Satanás teria sido originalmente um anjo chamado Lúcifer, que, por causa do orgulho, caiu em rebelião contra Deus e arrastou consigo outros anjos. Essa tradição atravessou séculos, moldando a imaginação popular e até mesmo a teologia de muitos. Contudo, quando retornamos às Escrituras, surge a pergunta: será que a Bíblia realmente ensina isso? Se Satanás era Lúcifer e originalmente bom, como se deu sua queda? Quem o tentou, se antes dele não havia outro mal no universo? Como o pecado entrou em seu coração, se, até então, só havia a perfeita criação de Deus? Essas perguntas revelam um ponto delicado, onde a explicação de que “Satanás era Lúcifer” parece resolver um enigma, mas acaba abrindo outros ainda maiores e surgindo várias outras perguntas.É importante perceber que nenhuma exegese honesta dos textos bíblicos comprova essa interpretação. A associação de Satanás com o nome “Lúcifer” nasce de uma tradição posterior, baseada em leituras alegóricas e em informações extra bíblicas, mas não encontra fundamento sólido nas páginas inspiradas. A Escritura, quando examinada com cuidado, não sustenta que Satanás tenha sido um ser celestial chamado Lúcifer. Essa crença, ainda que difundida, é fruto mais da tradição do que da revelação divina.Os textos mais comumente usados para embasar essa ideia são Isaías 14.12-17, Ezequiel 28.12-17, Lucas 10.18, 2 Pedro 2.4, Judas 1.6 e Apocalipse 12.7-9. Vamos analisar cuidadosa e minuciosamente esses textos a partir da exegese honesta ao que cada um se propõe. Isaías 14.12-15: “Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações! E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. E contudo levado serás ao inferno, ao mais profundo do abismo.” Antes de tudo, é preciso dizer que a palavra “Lúcifer” não é um nome próprio no idioma em que foi escrito esse texto, o hebraico. O termo usado em Isaías 14.12 é הֵילֵל (hêlêl), derivado de uma raiz que significa “brilhar” ou “resplandecer”. O texto se refere a um astro brilhante, comumente entendido como a estrela da manhã (Vênus).A tradução “Lúcifer” veio originalmente da Vulgata Latina, de Jerônimo, que verteu hêlêl como lucifer (“portador da luz” ou “estrela da manhã”). Em seu contexto original, a palavra não tinha conotação de um anjo caído. Foi apenas ao longo dos séculos que a tradição cristã passou a associar esse termo a Satanás, sobretudo por leituras alegóricas influenciadas por alguns escritores patrísticos. Inclusive, versões como ARA e NVT traduzem acertadamente essa expressão como “estrela da manhã”. Portanto, já no ponto de partida, vemos que “Lúcifer” é uma tradução interpretativa, não uma designação original do diabo. Além disso, Isaías 13–14 é uma profecia extensa contra a Babilônia. Isaías 13 anuncia o juízo do Senhor sobre a Babilônia, retratando sua queda futura como um ato de julgamento divino. Já o capítulo 14, inicia descrevendo o consolo de Israel e a humilhação do opressor. O trecho de 14.4 em diante é chamado “provérbio contra o rei da Babilônia” (cf. 14.4: “Então proferirás este provérbio contra o rei de Babilônia”). Logo, o alvo direto desse oráculo é o rei da Babilônia, não uma figura angelical.O contexto imediato de Isaías 14 deixa absolutamente claro que o alvo do oráculo é a Babilônia e, de modo particular, o seu rei. Já em 14.4, o profeta registra: “Então proferirás este provérbio contra o rei de Babilônia”. Esse verso é claro, pois define o destinatário do cântico e impede que os versículos seguintes sejam lidos como uma narrativa independente sobre a queda de Satanás. O gênero do texto é o de um provérbio (ou cântico de escárnio), uma composição poética usada frequentemente no Antigo Testamento para ridicularizar os derrotados e expor sua humilhação. Assim, o que se segue não é um relato histórico sobre seres celestiais ou sua queda do céu, mas uma sátira profética contra um governante terreno que, em sua arrogância, ousava colocar-se em posição de divindade.O capítulo 13 já havia introduzido a temática do juízo contra a Babilônia, descrevendo como o Senhor dos Exércitos convocaria suas tropas para destruir aquele império soberbo. Essa sequência continua no capítulo 14, onde o profeta anuncia que Israel seria restaurado e que, então, cantaria esse provérbio contra o opressor. O cenário apresentado é o de um povo liberto celebrando a queda de quem antes os oprimia. A narrativa, portanto, não se desloca em nenhum momento para falar do mundo celestial ou de qualquer coisa do tipo, mas mantém seu foco no cenário do embate entre Israel e a potência babilônica.Nos versículos que antecedem a frase “como caíste do céu, ó Lúcifer”, o profeta descreve a reação da terra diante da queda do rei. A opressão que antes pesava sobre as nações cessa, a terra descansa e até mesmo o mundo dos mortos, o Sheol, é retratado poeticamente como se estivesse em movimento, preparando-se para receber o soberbo que agora desce à mesma condição de todos os mortais. Os reis já falecidos, também personificados, zombam dele: “Tu também adoeceste como nós, e foste semelhante a nós” (14.10). Quando, então, Isaías declara: “Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva!”, não está revelando a queda de um anjo rebelde, mas descrevendo, em linguagem poética, a derrocada de um rei humano que se exaltava além de todos os limites. A metáfora da estrela brilhante, que resplandece antes do nascer do sol, mas logo desaparece, demonstra a efemeridade da glória babilônica. Aquilo que parecia eterno e inabalável desmorona rapidamente diante do juízo divino.Nos versículos 13 e 14, a poesia escrita no livro do profeta Isaías dá voz ao coração soberbo do monarca babilônico e diz: “E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me

Deus, Epistemologia, Escrituras, Homem, Pecado, Teologia

VOCÊ ACREDITA NO LIVRE ARBÍTRIO?

Se sim, saiba que Pelágio é seu pai. Se você acredita, defende e prega o livre-arbítrio, é certo que se uniria a Pelágio, dizendo: “Deus nos concedeu o poder de escolha para que possamos buscar a santidade e a perfeição. O livre-arbítrio nos capacita a cooperar com a graça divina e alcançar a perfeição”. Com isso, Agostinho seria o seu opositor, seu rival. Seria taxado por você de extremista por defender que somente Deus é soberano e tem o livre-arbítrio. É provável que também se uniria a Erasmo de Roterdam, afirmando: “O livre-arbítrio é a chave para a autodeterminação e o autodesenvolvimento. Somos moldados pelas escolhas que fazemos e pelas ações que tomamos”. Com isso, reputaria Martinho Lutero como um lunático e jogaria a obra que temos hoje intitulada “Nascido Escravo” no lixo. Além disso, se uniria aos que convocaram John Huss a negar tudo o que estava pregando. Não satisfeito com a recusa de Huss, você o jogaria na fogueira junto com seus demais opositores.Digo ainda mais: se você acredita, defende e prega o livre-arbítrio, certamente diria “Amém!” para o Concílio de Trento, um concílio católico romano que se opôs aos ensinamentos da reforma e afirmou a crença no livre-arbítrio, na perda de salvação e na salvação cooperativa entre Deus e o homem. Crer no livre-arbítrio é um distintivo católico romano. Portanto, não me diga que você acredita nos “5 Solas” da Reforma Protestante se, ao mesmo tempo, acredita no livre-arbítrio. São auto-excludentes. São crenças opostas. De um lado, está Pelágio, Erasmo e o catolicismo romano; do outro, está Agostinho, John Huss e os reformadores. No fim das contas, você seria inimigo declarado de Agostinho de Hipona, estaria de mãos dadas com aqueles que jogaram John Huss na fogueira, perseguiria Martinho Lutero após se opor às doutrinas romanas e protestaria contra o Sínodo de Dort e todos os homens de Deus que ali se reúniram. Nesse caso, a Reforma Protestante não tem ligação alguma com você. O movimento que teve seu estopim em 1517 não representa nada para os defensores do livre-arbítrio. A contra-reforma, o Concílio de Trento e os remonstrantes sim, representam todos os defensores do livre-arbítrio. Que cada coisa seja posta em seu lugar. John G. Reisinger disse: “Creia e pregue o livre-arbítrio se você tiver coragem, mas seja honesto ao menos para admitir que você não é nem mesmo um primo de décimo grau dos reformadores. Diga às pessoas que você teria sido forçado a opor-se contra Knox, Spurgeon, Edwards e Whitefield sobre as Doutrinas da Graça se tivesse vivido em seus dias”. — Clinton Ramachotte [18/05/2023]

Aconselhamento, Teologia

A IMPORTÂNCIA VITAL DO ACONSELHAMENTO BÍBLICO

Por Clinton Ramachotte No cenário contemporâneo, onde a busca por orientação e apoio emocional é constante, o aconselhamento bíblico emerge como uma alternativa poderosa e essencial. Longe de ser uma mera abordagem, o aconselhamento bíblico é uma jornada em busca de soluções para os desafios da vida, baseada nos princípios sólidos e eternos das Escrituras Sagradas. Em um mundo onde a psicologia e o humanismo frequentemente tomam a dianteira, o aconselhamento bíblico se destaca como um farol que oferece direção e esperança. O coração do aconselhamento bíblico reside na convicção de que a Palavra de Deus é uma fonte inesgotável de sabedoria e consolo. Em contraste com as abordagens secularizadas, que muitas vezes se concentram em análises superficiais e soluções temporárias, o aconselhamento bíblico mergulha nas profundezas da alma humana, buscando respostas profundas e transformação duradoura. Jay Adams, um dos pioneiros do movimento de aconselhamento bíblico, afirmou: “O aconselhamento bíblico não é meramente um método; é uma relação.” Essa relação é enraizada na crença de que a Palavra de Deus é suficiente para abordar todos os aspectos da vida humana. Assim como o salmista declarou: “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para o meu caminho.” (Salmos 119:105). Essa luz é a bússola que direciona o aconselhamento bíblico, apontando para a verdade e proporcionando conforto nas horas de angústia. Em contraposição à abordagem da psicologia moderna, que muitas vezes procura compreender a mente humana sem considerar quem o homem é diante de Deus, o aconselhamento bíblico reconhece a centralidade de Deus na vida e no bem-estar do indivíduo. Ele reconhece que a raiz dos problemas humanos muitas vezes está ligada à separação de Deus e à queda da humanidade. Portanto, busca a reconciliação com Deus como parte integral do processo de cura. Enquanto o humanismo enfatiza a capacidade intrínseca do ser humano para superar os desafios, o aconselhamento bíblico reconhece a dependência da graça e do poder divino. O apóstolo Paulo, ao lidar com suas próprias fraquezas, afirmou: “Quando sou fraco, então, é que sou forte.” (2 Coríntios 12:10). Essa visão humilde e centrada em Deus é uma pedra angular do aconselhamento bíblico, convidando as pessoas a depositarem sua confiança em Deus e a aceitarem a transformação por meio de Sua Palavra. Em última análise, o aconselhamento bíblico não se trata apenas de uma abordagem, mas de uma perspectiva de vida. Ao alinhar nossos desafios e lutas com os princípios eternos da Bíblia, encontramos orientação, força e esperança. À medida que a psicologia e o humanismo oferecem soluções temporárias, o aconselhamento bíblico nos convida a uma jornada de crescimento espiritual e cura profunda. Jay Adams estava certo ao dizer que o aconselhamento bíblico é uma relação, mas é também uma jornada de descoberta da verdade de Deus, da restauração e da redenção que Ele oferece a cada alma em busca de direção e significado.

Dons e Ministério, Educação, Pensamentos, Teologia

Entrevista à Revista Show da Fé: Doutrina da Eleição e o Evangelismo — Clinton Ramachotte

No meio evangélico, um dos principais temas geradores de acalorados debates é a doutrina da eleição. Essa perspectiva trata da escolha soberana de Deus para a salvação de alguns, desde antes da fundação do mundo, e sua relação com o livre-arbítrio, a capacidade humana de tomar decisões de maneira independente. “Tanto os fins quanto os meios são, e foram, estabelecidos por Ele”, acredita o teólogo Clinton Ramachotte, 31 anos, formado em Teologia pela Escola de Teologia Cristã Reformadores (ESTEC-REF) e autor de títulos como “Os cinco Solas e eu: a prática piedosa da Reforma Protestante” e “A verdade de Deus no mundo: a importância de receber e crer, pela fé, na Palavra de Deus“. Ramachotte tem se debruçado sobre esse assunto, sob a visão da fé reformada. “Pregamos o Evangelho com o intuito de que pessoas conheçam a Deus, enquanto os resultados desse anúncio estão nas mãos dEle”, observa o membro da Igreja Batista em Moraes Prado, na zona sul de São Paulo (SP), com a esposa Giovanna, 24 anos. Atuante na evangelização e no ensino na Escola Bíblia Dominical em sua congregação e mestrando em Teologia Filosófica no Instituto Bíblico de Educação Teológica (IBETEC), Clinton enfatiza a centralidade das Sagradas Escrituras e a autoridade divina na salvação, temáticas que permeiam tanto sua vida ministerial quanto acadêmica. Nesta entrevista à Graça/Show da Fé, ele destaca a doutrina da eleição e os seus impactos na pregação do Evangelho, discute o papel dos cristãos na missão evangelística e fala da relação entre a soberania do Senhor e a responsabilidade humana. Se Deus já escolheu Seus eleitos, por que pregar o Evangelho? Há uma ordem explícita dada por Cristo (Mt 28.18-20). Assim, anunciar o Evangelho está atrelado à obediência a uma ordenança do Senhor. Deus ter Seus eleitos faz com que o evangelismo jamais seja um fracasso, pois Aquele que estabeleceu os fins, que é a salvação, também determinou os meios, ou seja, a evangelização. A Escritura mostra que Ele escolheu Seu povo (Jo 15.16, Rm 9.15-24, Ef 1.4, 2 Ts 2.13 e 2 Tm 1.9) e decidiu como salvá-lo: pela graça mediante a fé (Ef 2.8-9), pela fé em Cristo (Jo 3.15-17) e por meio da pregação do Evangelho (Rm 10.13-17). Temos, na Escritura, o Deus que opera de eternidade a eternidade, no tempo e fora do tempo. Ele é soberano! O Ide de Jesus é um mandamento para todos os cristãos? Como ele se relaciona com a doutrina da eleição? A ordem de Jesus em Mateus 28.18-20 deve ser cumprida por todos os crentes, pois Ele é o Senhor, e somos Seus servos. Deus salva pecadores, até aqueles que estão mortos em ofensas e pecados (Ef 2.1) e em rebeldia (Rm 3.10-18). A salvação é obra do Salvador, não do pecador, e Deus controla tudo, inclusive aqueles que não crerão. Isso nos dá a certeza de que a missão, em vez de ser um fardo, é um prazer. Que exemplos na vida de Jesus ilustram a importância da pregação no contexto da eleição divina? A passagem bíblica de João 6 é um exemplo disso. Jesus Se apresenta como o pão da vida e prega à multidão, apesar de saber que muitos não creriam e O deixariam. Em João 10, Ele afirma que apenas Suas ovelhas ouvem Sua voz e O seguem, mostrando que, embora alguns rejeitem a mensagem, os que pertencem a Deus serão atraídos. Esses capítulos evidenciam que a pregação de Cristo reflete a doutrina da eleição, sendo essencial para chamar os eleitos. De que maneira o apóstolo Paulo conciliava a missão evangelística com a crença na soberania de Deus sobre a salvação? O apóstolo Paulo é, sem dúvida, o autor bíblico que mais tratou da eleição. É interessante: um ex-fariseu que se tornou missionário, enviado por Deus para pregar as Boas-Novas aos gentios, sustentava essa doutrina com convicção. Há um teor extremamente doutrinário nas epístolas paulinas, mas também existe um incentivo aos crentes para viverem de acordo com a crença que professam. Filipenses 2.12-13 é o melhor exemplo disso: no verso 12, Paulo os incentiva a desenvolverem a salvação, um ato prático; mas, no versículo 13, afirma que Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade. A soberania de Deus na salvação e na santificação é expressa em todo o pensamento paulino. Qual é a importância da pregação na edificação da Igreja, mesmo que nem todos os ouvintes sejam considerados eleitos? A Palavra de Deus é o alimento do povo eleito e o instrumento que endurece o coração daqueles que a rejeitam. O profeta Isaías afirma que a Palavra nunca volta vazia (Is 55.11), mas cumpre o seu propósito e faz tudo o que o próprio Criador deseja. Sendo assim, ainda que nem todos os ouvintes sejam eleitos, a pregação cumpre o Seu objetivo: edificar os santos e endurecer os réprobos [maus]. O próprio Jesus experimentou situações semelhante em João 10.26, quando disse aos fariseus que eles não criam nEle, porque não eram do Seu rebanho. A onisciência de Deus implica que o destino de cada pessoa já está traçado? O fato de o Altíssimo ser onisciente significa que Ele conhece o passado, presente e futuro. O Senhor é atemporal, embora aja no tempo. Portanto, o Pai celeste não apenas conhece o destino de cada pessoa, como também tem um propósito para cada ser vivo; afinal, Ele é Rei sobre todos. O Criador tem direito sobre cada vida, e é maravilhoso reconhecer essa verdade, especialmente sabendo que o Eterno é justo, santo e bom. Qual é o papel do livre-arbítrio diante da onisciência do Criador? O livre-arbítrio é uma contradição de terminologia em qualquer campo acadêmico, teológico, científico ou filosófico. A Bíblia ensina que o arbítrio humano foi corrompido desde a queda (Gn 3) e completa: E viu o SENHOR que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente (Gn 6.5). Como é possível que o arbítrio seja livre se o coração de todo ser humano é escravo do pecado? Tal liberdade é

Cosmovisão e outros, Escrituras, Filosofia, História, Históricos, Teologia

A EPÍSTOLA AOS HEBREUS E A AUTORIA PAULINA – CLINTON RAMACHOTTE

A epístola aos Hebreus tem sido, ao longo dos séculos, alvo de debates intensos no campo da crítica textual, da teologia bíblica e da história da igreja. Poucos livros (ou talvez nenhum outro) do Novo Testamento despertaram tanta especulação quanto à sua autoria, e também, carregam tamanha densidade doutrinária, profundidade cristológica e unidade veterotestamentária como esta carta. Desde os primeiros séculos da igreja, estudiosos, teólogos e pastores têm se debruçado sobre a questão: quem escreveu a carta aos Hebreus? Embora muitos nomes tenham sido sugeridos como Apolo, Barnabé, Lucas, e recentemente até mesmo Priscila, nenhum deles oferece uma explicação tão coerente, completa e satisfatória quanto o apóstolo Paulo. A despeito da controvérsia, afirmo com total convicção: Paulo é, inevitavelmente, o autor da epístola aos Hebreus. É bem verdade que alguns questionamentos legítimos surgem diante do anonimato da carta, e seria uma postura intelectualmente desonesta ignorar a ausência do nome de Paulo logo na saudação, como ocorre em suas demais epístolas. Além disso, o estilo linguístico e a forma retórica diferem, em certos aspectos, das outras cartas paulinas. Esses elementos têm sido usados como argumentos por muitos críticos modernos para negar a autoria paulina. No entanto, tais objeções, embora influentes, falham em dar conta do peso da evidência interna, da tradição patrística, e da coerência doutrinária que esta epístola mantém com o corpus paulino. O debate existe, é antigo, mas ignora fatos cruciais. Entre eles, o mais fundamental é que tudo em Hebreus, desde a teologia da nova aliança apresentada até sua forma de raciocínio lógico e o profundo entrelaçamento com o Antigo Testamento, ressoa a voz de Paulo, ainda que, nesta carta, ele opte por não se identificar de maneira explícita ou nominalmente. Historicamente, a dúvida quanto à autoria de Hebreus é mais acentuada no Ocidente do que no Oriente. Os pais da igreja oriental, como Clemente de Alexandria por exemplo, mesmo com cautela, reconheceu Paulo como o autor, ainda que talvez por meio de um amanuense ou tradutor como Lucas. Eusébio, no quarto século, já menciona essa tradição como predominante no Oriente. Agostinho e Jerônimo, grandes nomes da igreja ocidental, acabaram também aceitando a autoria paulina. Essa aceitação histórica não pode ser descartada levianamente. Negá-la exige mais do que dúvidas estilísticas, exige desconsiderar o testemunho da igreja que recebeu, preservou e reconheceu a epístola com base em critérios de autoridade apostólica. Além disso, Hebreus não apenas compartilha com Paulo a profundidade doutrinária, mas também o encadeamento lógico de argumentos, o foco na suficiência da obra de Cristo, a transição da Antiga Aliança para a Nova, o uso de citações veterotestamentárias e a preocupação pastoral com a perseverança dos crentes hebreus em meio à perseguição. A carta possui a assinatura teológica de Paulo, ainda que sua caneta tenha escolhido, por razões estratégicas ou contextuais, não escrever seu nome. Essa é uma hipótese que, longe de ser fraca, se mostra altamente plausível. Paulo escreve a judeus crentes, alguns possivelmente hostis a ele por seu apostolado aos gentios, e opta por deixar que a doutrina fale mais alto que a identidade. Portanto, ao nos debruçarmos sobre esta questão, devemos fazê-lo com reverência, mas também com ousadia. Reverência, porque estamos tratando de um livro sagrado, inspirado, que transcende o homem que o escreveu. Ousadia, porque a verdade precisa ser defendida, especialmente quando está sendo obscurecida por teorias críticas que muitas vezes partem de premissas céticas ou até mesmo seculares. A questão da autoria de Hebreus não é meramente uma curiosidade acadêmica, como alguns podem sugerir, mas é parte de uma compreensão mais ampla da autoridade apostólica e da coerência interna da revelação. Não se trata de impor dogmaticamente uma posição, mas de reconhecer que há, sim, uma base sólida e antiga, tanto histórica quanto bíblica, para afirmar com confiança que a Epístola aos Hebreus saiu da pena do apóstolo Paulo, inspirada pelo Espírito Santo. A Assinatura Doutrinária de Paulo em Hebreus Ao examinarmos atentamente o conteúdo da epístola aos Hebreus, nos deparamos com a realidade de que o pensamento, a teologia e o estilo argumentativo encontrados nesta carta são, em sua essência, profundamente paulinos. Mesmo diante de algumas distinções estilísticas (das quais reconheço), tal como maior elevação da linguagem e a ausência da saudação tradicional, é impossível não perceber que a epístola carrega, em seu DNA, a marca do apóstolo dos gentios. A análise interna da carta, isto é, seu conteúdo doutrinário, sua estrutura retórica, sua perspectiva cristocêntrica e seu uso das Escrituras, oferece testemunho eloquente a favor de Paulo como autor. Demonstrarei a partir de alguns pontos. 1.1. A Teologia da Nova Aliança: O Coração da Mensagem Paulina Um dos traços mais notáveis de Hebreus é sua exposição da superioridade de Cristo (e a Nova Aliança) em relação à Antiga Aliança. Paulo demonstra, com profundidade, que Jesus é o Mediador de uma nova e superior aliança, estabelecida com base em melhores promessas (Hebreus 8.6). Esse tema, que é o contraste entre as alianças, o fim do sacerdócio levítico e a inauguração do sacerdócio eterno de Cristo segundo a ordem de Melquisedeque, encontra seu paralelo direto e quase exclusivo em Paulo. Por exemplo, em 2 Coríntios 3, Paulo faz exatamente essa comparação entre a Antiga Aliança, gravada em tábuas de pedra, e a nova, gravada no coração, enfatizando a glória muito superior desta última. Em Gálatas 3 e 4, ele expõe o propósito transitório da Lei e a primazia da promessa cumprida em Cristo. Já em Romanos 7, trata da morte do crente para a Lei pela união com Cristo. Tudo isso converge justamente com os temas centrais de Hebreus, a saber, a insuficiência do sistema mosaico, a tipologia do tabernáculo, o papel dos sacrifícios como sombras, e a perfeição final e definitiva do sacrifício de Cristo. Não é meramente coincidência, nem mesmo possível que qualquer outro autor que não Paulo tenha desenvolvido algo desse nível. Tais paralelos não são superficiais. São sistemáticos, desenvolvidos com a mesma lógica e com a mesma paixão que marcam os escritos paulinos. 1.2. O Estilo Argumentativo

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Deus, Dons e Ministério, Homem, Teologia

O SUSTENTO VEM DE DEUS, NÃO DAS MÃOS DO HOMEM

O mundo tem gritado com um grande mega-fone coisas como “Trabalhe! Ou passará fome”. Deixo claro aqui que não sou contra trabalhar, mas sou totalmente contra afirmar que o sustento vem através do nosso esforço e do nosso dinheiro. Portanto, gostaria de trazer aqui uma reflexão através de uma pergunta hipotética: Se você não estudar, trabalhar e correr atrás, passarás fome ou necessidade? Entenda o ponto central do que estou dizendo: devemos planejar, estudar, trabalhar e almejar crescimento pessoal e profissional, mas não devemos nunca, jamais, em nenhum momento, colocar a razão do nosso sustento em qualquer coisa ou pessoa que não seja o próprio Deus. Conheço pessoas (e creio que você também conheça) que trabalha 20 horas por dia e ainda assim passa necessidade. Fora essas pessoas, existem aqueles que ganham mil ou milhões de reais (ou dólares) e, do mesmo modo, passam necessidades cruéis. Isso mostra, portanto, que não somos sustentados porque estudamos ou trabalhamos, mas trabalhamos e estudamos porque Deus nos sustentou, nos deu condições suficientes para que estejamos ali, trabalhando, estudando ou fazendo qualquer outra coisa. APRENDENDO A ORAR COM O MESTRE Na oração do Pai nosso, Jesus ensina-nos a depender completamente do Senhor em tudo. “Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia nos dá hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores; e não nos conduzas à tentação; mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém.” (Mateus 6.9-13 ACF) Essa oração deve fazer parte do nosso viver diário. Em específico, vemos que no verso 11 Jesus diz: “O pão nosso de cada dia nos dá hoje;”. Isso significa que: • O pão “de cada dia” já nos foi dado. Do contrário, estaríamos mortos;• Assim como Deus tem nos dado o pão de cada dia, pedimos para que Ele “nos dê hoje”; Ora, se temos dinheiro para comprar nosso almoço ou nossa janta, e conquistamos esse dinheiro com nosso trabalho, como é Deus quem nos dá “o pão de cada dia”? Simples: se comemos hoje, assim o fizemos porque Deus nos deu comida. Nunca somos nós, sempre é Ele.A oração de Jesus mostra que a provisão sempre vem do Pai nosso que está nos céus, e nunca do nosso próprio esforço. SE NÃO FOSSE O SENHOR NOS SUSTENTANDO… O Senhor nos sustenta de formas que, por muitas vezes, ignoramos. O profeta Jeremias declara: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim;” (Lamentações 3.22 ACF). Se acordamos, é porque Deus teve misericórdia de nós.Se tomamos banho pela manhã, é porque o Senhor teve misericórdia de nós.Se saímos de casa e chegamos ao nosso trabalho, é porque o Senhor teve misericórdia de nós.Se temos um prato de comida em nossa mesa, é porque o Senhor teve misericórdia de nós. Se por um milésimo Deus não tiver misericórdia de nós, seremos consumidos, e tudo o que “construímos, temos e conquistamos” não passará de coisas vãs e sem utilidade para a nossa eternidade. Precisamos de uma vez por todas entender que é Deus, e não a nossa vontade, a nossa força ou a nossa capacidade que nos dá o pão de cada dia. Ímpios afirmam com frequência a frase: “Ai de mim se eu não trabalhar”, e assim o fazem por causa de sua arrogância e presunção, pensando ser capazes de trazer para si o próprio pão. Por fim, estímulo você, caro leitor, a enxergar o mundo a sua volta através da Palavra de Deus e, depois disso, render glórias ao único e verdadeiro Deus, pois se não fossem as suas misericórdias, seríamos somente um monte de pó, amontoado e sem valor nenhum. Trabalhe para a glória de Deus.Estude para a glória de Deus.Coma para a glória de Deus (cf. 1 Coríntios 10.31).Fazer essas coisas ou qualquer outra e querer para si a glória que somente a Deus pertence é um pensamento que brota em corações não regenerados. Corações transformados clamam a Deus para que Ele receba toda a glória por seus feitos. Como bem diz a Confissão de Fé Batista de 1689: “Deus, o bom criador de todas as coisas, em seu poder e sabedoria infinitos, mantém, dirige, dispõe de, e governa todas as criaturas e coisas,¹ desde as maiores até às mínimas,² pela sua muito sábia e muito santa providência, para que cumpram com a finalidade para a qual foram criadas.” (Confissão de Fé Batista 1689, Capítulo V, “A Providência Divina” – Ref: [1] Hebreus 1:3; Jó 38:11; Isaías 46:10-11; Salmo 135:6, [2] Mateus 10:29-31). O sustento vem SEMPRE de Deus, não das mãos do homem. – Clinton Ramachotte, 05/05/2017

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O MUNDO GOSPEL NÃO É INOCENTE

É certo que o mundo gospel não anda bem há muito tempo. E quando digo “mundo gospel”, me refiro aos cantores e pastores midáticos, que dia após dia são flagrados pregando e cantando heresias. Se escavarmos um pouco o passado dos pastores e cantores, veremos que em muitos momentos foi pregado e cantado muita coisa bíblica. Vemos um certo grupo que possuía músicas teocêntricas, mas que atualmente se encontra afundado em heresias, cantando músicas humanistas e antropocêntricas, assim como vemos um certo pastor pregando contra a teologia da prosperidade, mas atualmente defendendo com unhas e dentes essa maldita posição. Enfim, encontrar diamante nesse meio está mais difícil do que encontrar “uma agulha no palheiro”. Tendo isso em vista, quero refletir em uma das canções mais famosas do cantor Fernandinho, o qual faz parte do mundo gospel e é bem famoso, tendo suas músicas cantadas frequentemente nas igrejas evangélicas brasileiras. Com isso, não quero aqui afirmar que tudo o que é cantado por ele seja ruim, mas analisar somente o trecho de uma de suas músicas. A música em questão chama-se “Teus sonhos”. Essa canção possuí elementos claros da soberania divina e do desejo cristão de clamar pela vontade de Deus, assim como o próprio Jesus fez. Meu problema, porém, é com o trecho que diz: “Os teus sonhos são maiores do que os meusOs teus caminhos bem mais altos do que os meus” Esquecendo um pouco os clichês reformados de que “Deus não dorme, portanto, não sonha”, quero chamar a atenção quanto ao uso da palavra “sonhos” e o contraste com o texto de Isaías 55.8-9. Sempre que ouço essa canção, me pergunto qual a razão levou o compositor dela a colocar “sonhos”. Me questiono isso por um único motivo: dentro do nosso contexto de vida, “sonhos” são possíveis planos que fazemos sobre o futuro que podem ou não acontecer. Um exemplo disso é a grande quantidade de crianças que desejam jogar futebol profissionalmente um dia e nem mesmo metade delas realizam esse sonho. Ou seja, sonhos são frustrados. Já na Bíblia, encontramos palavras como “decreto”, “desígnio”, “propósitos” e até mesmo “planos” atribuídos a Deus, mas em nenhum momento encontramos sequer um sinônimo da palavra “sonho”. Isso se dá porque a Bíblia claramente diz que os propósitos de Deus são imutáveis e vão se cumprir um a um, não havendo a possibilidade de falhar: “Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido.” (Jó 42:2). Tendo isso em vista, por qual razão usa-se a palavra “sonho” ao invés de “planos”? A conotação das palavras são iguais e a única coisa que mudaria na música era o fato de que assim, com “planos”, se tornaria expressamente bíblica. Chego, portanto, a conclusão de que o mundo gospel não é inocente. Não é por falta de exortação ou orientação, mas por falta de fidelidade ao que diz a Escritura. A falta de apego ao que diz a Bíblia faz com que pastores preguem mais sobre o homem do que sobre Deus e de igual modo, faz com que cantores “gospel” entoam “louvores” cujo objeto de exaltação é ninguém menos que o próprio homem. Não é necessário que seja um doutor phD em teologia para se atentar a detalhes como estes, basta uma pequena noção bíblica sobre quem Deus é e erros como esses podem ser evitados. O problema é que o foco não é produzir conteúdos bíblicos, mas canções que confortem as pessoas e as façam se sentir bem. O foco do mundo gospel moderno é ganhar ibope, mídia e dinheiro. Cantar a Bíblia está “fora de moda” e ninguém mais gosta… “isso é coisa dos antigos”, dizem alguns. Quanto ao texto de Isaías, é dito pelo profeta: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos.” (Isaías 55:8-9). Um texto como esse deixa claro o objetivo do profeta: exaltar a soberania e grandeza de Deus. Ele, o Senhor, não é um deus humanista, embora seja um Deus presente e pessoal. Deus não erra. Tens ainda dúvidas sobre isso? Veja o que mais diz a Escritura: “Visto que os seus dias estão determinados, contigo está o número dos seus meses; e tu lhe puseste limites, e não passará além deles.” (Jó 14:5). “Os teus olhos viram o meu embrião; todos os dias determinados para mim foram escritos no teu livro antes de qualquer deles existir.” (Salmos 139:16). “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.” (Eclesiastes 3.1). Clinton Ramachotte, em 21/07/2018

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DESVIADO NÃO!

Não sei se já te contaram, mas não existe “ex cristão”. Isso mesmo. Aquelas pessoas que dizem “eu já fui evangélico”, na verdade, nunca foram regeneradas. Talvez tenham sido membros de uma igreja evangélica por muitos anos, mas esse tempo todo só serviu para revelar que elas nunca conheceram o Jesus da Bíblia. Esse é o relato apresentado em Hebreus 6: o suposto ”ex evangélico” presenciou milagres, ouviu o evangelho, viu claramente o agir de Deus, mas ainda assim, continuou com seu coração impenitente. Jamais se arrependeu. Ao falar sobre pessoas que não creram nele, disse Jesus: ”Mas vós não credes porque não sois das minhas ovelhas, como já vo-lo tenho dito.” (João 10.26). Crer em Jesus Cristo como o bom pastor só é capaz para aqueles a quem Deus escolhe se revelar e tornar ovelha: ”As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem;“ (João 10.27). Portanto, as pessoas que estiveram em nosso meio (enganando a todos muito bem), mas hoje que estão afundadas no pecado, vivendo nele com muito prazer como se nunca tivessem conhecido a Jesus – e de fato, não O conheceu — têm uma mensagem bíblica direcionada: ”Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós.“ (1 João 2:19). Falsos crentes existem – e como existem. Precisamos olhar para a Escritura e entender o que ela nos fala: ”Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.“ (Mateus 7:21). Ou é salvo e filho de Deus, ou está condenado e perdido, não há neutralidade!

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