VOCÊ ACREDITA NO LIVRE ARBÍTRIO?

Se sim, saiba que Pelágio é seu pai.

Se você acredita, defende e prega o livre-arbítrio, é certo que se uniria a Pelágio, dizendo: “Deus nos concedeu o poder de escolha para que possamos buscar a santidade e a perfeição. O livre-arbítrio nos capacita a cooperar com a graça divina e alcançar a perfeição”. Com isso, Agostinho seria o seu opositor, seu rival. Seria taxado por você de extremista por defender que somente Deus é soberano e tem o livre-arbítrio.


É provável que também se uniria a Erasmo de Roterdam, afirmando: “O livre-arbítrio é a chave para a autodeterminação e o autodesenvolvimento. Somos moldados pelas escolhas que fazemos e pelas ações que tomamos”. Com isso, reputaria Martinho Lutero como um lunático e jogaria a obra que temos hoje intitulada “Nascido Escravo” no lixo.


Além disso, se uniria aos que convocaram John Huss a negar tudo o que estava pregando. Não satisfeito com a recusa de Huss, você o jogaria na fogueira junto com seus demais opositores.
Digo ainda mais: se você acredita, defende e prega o livre-arbítrio, certamente diria “Amém!” para o Concílio de Trento, um concílio católico romano que se opôs aos ensinamentos da reforma e afirmou a crença no livre-arbítrio, na perda de salvação e na salvação cooperativa entre Deus e o homem.

Crer no livre-arbítrio é um distintivo católico romano. Portanto, não me diga que você acredita nos “5 Solas” da Reforma Protestante se, ao mesmo tempo, acredita no livre-arbítrio. São auto-excludentes. São crenças opostas. De um lado, está Pelágio, Erasmo e o catolicismo romano; do outro, está Agostinho, John Huss e os reformadores.

No fim das contas, você seria inimigo declarado de Agostinho de Hipona, estaria de mãos dadas com aqueles que jogaram John Huss na fogueira, perseguiria Martinho Lutero após se opor às doutrinas romanas e protestaria contra o Sínodo de Dort e todos os homens de Deus que ali se reúniram.

Nesse caso, a Reforma Protestante não tem ligação alguma com você. O movimento que teve seu estopim em 1517 não representa nada para os defensores do livre-arbítrio. A contra-reforma, o Concílio de Trento e os remonstrantes sim, representam todos os defensores do livre-arbítrio.

Que cada coisa seja posta em seu lugar.

John G. Reisinger disse:

Creia e pregue o livre-arbítrio se você tiver coragem, mas seja honesto ao menos para admitir que você não é nem mesmo um primo de décimo grau dos reformadores. Diga às pessoas que você teria sido forçado a opor-se contra Knox, Spurgeon, Edwards e Whitefield sobre as Doutrinas da Graça se tivesse vivido em seus dias”.

— Clinton Ramachotte [18/05/2023]

Clinton Ramachotte é membro da Igreja Batista em Moraes Prado, na capital de São Paulo.
Bacharel em Teologia pela FATERGE, e também pela ESTEC-REF. É também professor da matéria de Seitas e Heresias na ESTEC-REF.
Autor de obras importantes na apologética, como “Os 5 Solas e Eu: A Prática Piedosa dos Solas da Reforma”, “Resposta aos Adventistas do 7° Dia: Um Tratado Apologético”, “Desvendando o Islamismo: Dissecando a Religião Muçulmana”, dentre outras obras.

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