Refletindo o Sol da Justiça: A Força que Vem de Cristo
“Porque o Senhor Deus é um sol e escudo; o Senhor dará graça e glória; não retirará bem algum aos que andam na retidão.” (Salmos 84.11) Era um culto vespertino. Poderia ser considerado um domingo comum, com mais um culto comum… mas não foi. Na abertura do culto, foi lido o Salmo 84 completo. Que Salmo maravilhoso, divinamente inspirado e belo. Ele é internamente profundo, mas um versículo saltou aos meus olhos: o verso 11. A imagem é trazida pelo salmista é poderosa. Deus é chamado de Sol. O sol, na criação, é a fonte de luz, do calor e também da vida. Sem ele, tudo seria trevas e morte. Assim também, o Senhor é para aqueles que nele confiam o centro do qual procede toda a força, toda a energia espiritual, literalmente toda a vitalidade da alma. Ele é o nosso Sol. Confesso que ao meditar nesse texto, pensei em uma ilustração. Há um personagem na animação chamado Escanor. Ele é conhecido por ter uma característica peculiar. Sua força está diretamente ligada ao sol. Quando o sol nascia, ele se tornava mais forte. Simplesmente criava músculos e uma força sobre humana. No auge do meio-dia, ninguém podia resistir à sua força; ele era invencível. Essa ilustração, ainda que fictícia, nos ajuda a enxergar uma verdade muito interessante. Quanto mais perto da luz, de Cristo, que é nosso Sol, mais fortes nos tornamos; quanto mais distantes dEle, mais fracos somos. Vemos isso sem muito esforço em toda a Palavra de Deus. Hoje, essa realidade continua. O cristão não possui em si mesmo a força para resistir ao pecado ou vencer as tentações. Na verdade, toda nossa força é grande para ceder à tentação e pecar. Somos frágeis, limitados, inclinados ao erro, mas quando estamos em comunhão com o Senhor, alimentados pela Sua Palavra e fortalecidos pela oração, a luz de Cristo brilha sobre nós. Sua presença não apenas nos ilumina, mas nos reveste de poder espiritual. Poder este que é nos dado não para sermos donos dos nossos destinos, mas para obedecer o Deus que nos criou e nos salvou. Paulo, guiado pelo Espírito Santo, escreve de forma magnífica um dos textos mais esperançosos em toda a Escritura. Ele diz: “Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que vos não deixará tentar acima do que podeis, antes, com a tentação, dará também o escape, para que a possais suportar.” (1 Coríntios 10.13) A promessa nesse texto não é que nós, por nossa própria força, conseguimos vencer. A promessa é que Deus é fiel (cremos nisso, de verdade?). Ele é fiel. Ele é o Sol que nos reveste de vigor e força, de verdadeira força. Ele é a fonte que nos garante que sempre haverá um escape. Quanto mais perto de Deus estamos, mais claro conseguimos enxergar esse escape, e mais força temos para escolhê-lo e vencermos o pecado que tão de perto nos rodeia. Agora pensemos no oposto. Distantes da Palavra, descuidados na oração, negligentes com a comunhão, como nos tornamos? Não tem outra resposta. Nos tornamos vulneráveis. É como alguém que tenta viver na sombra, afastado da luz. Impossível. Aos poucos, enfraquece, perde o ânimo, não enxerga o perigo e acaba sendo tragado repentinamente pela tentação. Aquele que anda na luz, como diz 1 João 1.7, tem comunhão com Deus e com seus irmãos. E nessa luz, o sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo o pecado. Ou seja, a comunhão com Deus não é só o que nos fortalece, mas também o que nos mantém limpos, guardados e vitoriosos diante desse mundo e até mesmo diante do nosso coração. Assim, afirmo sem medo de errar que quanto mais perto da Palavra estamos, mais perto de Deus; e quanto mais perto de Deus estamos, mais fortes somos para resistir ao pecado. Não é uma força autônoma, não é uma força nossa em nós mesmos, mas uma força derivada, recebida, como a lua que brilha não por sua própria luz, mas por refletir o sol. O crente resplandece não por si mesmo, mas porque anda exposto ao Sol da justiça, que é Cristo Jesus (Malaquias 4.2). Estejamos alerta para que não nos afastemos da luz. Vivamos aos pés de Cristo. Permaneçamos no estudo profundo e dedicado das Escrituras, nos alimentando diariamente da verdade de Deus e mantendo uma vida de oração. Como Escanor, o personagem do qual falei inicialmente que só se tornava invencível quando o sol estava a pino, assim também o crente só encontra verdadeira força e vitória quando está no pleno calor da comunhão com Cristo. Longe dEle, nada podemos fazer (João 15.5), mas perto dEle, fortalecidos pela sua graça, podemos dizer como Paulo: “Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.” (Filipenses 4.13). A Deus toda glória.Clinton Ramachotte
