3 de outubro de 2025

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Ciência, Cosmovisão e outros, Epistemologia, Filosofia, Homem, Pecado, Teologia

“COMECEI A ESTUDAR E VIREI ATEU” — Será mesmo? 🤔

Há quem diga que a fé é inimiga da razão, como se o fato de crer em Deus desligasse o pensamento crítico e mergulhasse em uma espécie de obscurantismo intelectual. Inclusive, no recorte deste vídeo vemos justamente isso. Essa visão, porém, não só distorce o cristianismo, como também revela um profundo equívoco sobre o que significa fé. A fé bíblica não é um salto irracional no escuro, mas confiança firme no Deus que se revelou de maneira clara aos Seus. Inclusive, a Palavra de Deus nunca apresenta fé e razão como forças contrárias. Pelo contrário, a fé ilumina a razão e confere sentido a ela. O salmista declara: “A revelação das tuas palavras esclarece, e dá entendimento aos símplices” (Sl 119.130). A verdadeira compreensão não nasce de uma mente autônoma ou dos “muitos estudos acadêmicos e racionais”, mas da luz que procede da Palavra de Deus. O entendimento humano é limitado e falível; somente quando repousa sobre a revelação de Deus é que encontra segurança. O apóstolo Paulo, em Romanos 1.19-20, afirma que “o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas”. Em outras palavras, a criação é racionalmente inteligível porque reflete a ordem e a sabedoria do Criador. A razão humana só pode operar justamente porque o mundo foi criado pelo Deus de ordem. Se não houvesse Deus, não haveria lógica, nem leis naturais, nem fundamento algum para a racionalidade. Portanto, é uma falácia afirmar que estudar e pensar conduzem inevitavelmente ao ateísmo. A Escritura mostra que o problema não está na falta de provas/evidências, mas na rebelião do coração humano. Paulo denuncia que os homens “detêm a verdade em injustiça” (Rm 1.18). Ou seja, eles não rejeitam a Deus por falta de evidências, mas porque não querem se submeter ao Senhor. A razão, quando divorciada da fé, se torna instrumento de orgulho e incredulidade, mas quando se curva à revelação de Deus, ela se torna instrumento de sabedoria. Para além dos textos bíblicos, temos também a história confirmando isso. Lee Strobel, jornalista investigativo, ao analisar de maneira crítica as evidências da ressurreição, foi constrangido pela verdade do Evangelho. Strobel era um ateu convicto. No entanto, o estudo e a investigação não o levou, nem o firmou ao ateísmo, mas irresistivelmente ao Cristo ressurrecto. O mesmo se vê em tantos outros que, ao buscar a verdade com honestidade, perceberam que a fé cristã não contradiz em nada a razão, mas a fundamenta. Naturalmente, são levados até Cristo, que é a verdade (Jo 14.6). Não é à toa, também, que Provérbios 1.7 diz que “o temor do Senhor é o princípio do conhecimento”. A verdadeira ciência (o conhecimento) começa com a reverência a Deus. O homem que tenta construir sabedoria sem Deus é comparado ao insensato que edifica sua casa sobre a areia (Mt 7.26-27). A razão pode acumular dados e informações, mas sem a Rocha da fé, ela desmorona diante das tempestades da vida. A fé, portanto, não elimina a razão, mas lhe dá alicerce. Fato é que a Escritura aponta para Cristo como a própria encarnação da verdade e da sabedoria. O apóstolo João afirma: “No princípio era o Verbo” (Jo 1.1), e Paulo declara que Cristo é “a sabedoria de Deus” (1 Co 1.24). Ou seja, toda lógica, todo raciocínio e toda investigação só encontram repouso quando se voltam para Cristo, o Logos eterno. Rejeitar a fé em Cristo não é só rejeitar uma religião, mas rejeitar a própria base da razão. Assim, fé e razão não são opostas. Nunca foram. A fé é o eixo que sustenta a razão e a razão, quando submissa à fé, glorifica a Deus. Simples assim. Sem Deus, a razão é como uma bússola quebrada, girando sem direção. Porém, quando fundamentada na verdade de Deus, ela se torna um instrumento poderoso de louvor a Deus e de serviço ao próximo. É por isso que o salmista ora com confiança: “Em ti, Senhor, confio; nunca seja eu confundido” (Sl 71.1). A Deus toda glória.Em Cristo, Clinton Ramachotte

A man in a leather jacket looking down while sitting on a ledge in a city
Deus, Homem, Teologia

Sucesso do fracasso

Você já ouviu falar no sucesso do fracasso? Leia esse texto até o fim para entender. A vida não é fácil. Pelo menos não na maioria das vezes. Passamos por situações inesperadas, perdemos pessoas e isso é doloroso, portas são fechadas e boa parte dos nossos sonhos se frustram. É justamente em momentos assim que nosso coração naturalmente diz que “tudo deu errado”. É, humanamente, um verdadeiro fracasso. Mas a verdade revelada nas Escrituras é que, aos olhos de Deus, nada sai do controle. O Senhor não é surpreendido pelas circunstâncias, nem é pego de surpresa pelos desastres que nos acontecem. O que para nós soa como caos, para Ele faz parte de um plano perfeito.Lembremos de José, vendido como escravo pelos próprios irmãos e que em meio a tudo isso poderia ter dito: “Minha vida acabou. É o meu fim”. No entanto, anos depois, diante deles no Egito, disse uma das afirmações mais gloriosas de sua vida:“Vós bem intentastes mal contra mim; porém Deus o intentou para bem” (Gênesis 50.20). O que parecia tragédia foi, na verdade, o meio pelo qual Deus preservaria uma nação inteira. Do mesmo modo, pensemos na cruz de Cristo, o maior escândalo da história, onde aos olhos humanos parecia um verdadeiro fracasso do plano de Deus. Porém, foi exatamente ali que a vitória eterna foi conquistada. Nada estava fora de controle. Não houve surpresa alguma, pois o Autor da história estava governando sobre aquele momento. Inclusive, o apóstolo Pedro pregou dizendo que Jesus foi “entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus” (Atos 2.23). Não tem jeito, até a maior das catástrofes está submetida ao conselho soberano do Senhor. Não vivemos em um mundo entregue ao acaso. Existe um Deus, na verdade, o Deus que reina sobre toda a existência. Sendo assim, quando tudo parece dar errado, podemos descansar na grandeza desse Deus. Ele não apenas nos assiste em nossas provações, mas conduz cada detalhe para a glória do Seu nome e o bem do Seu povo. Essa é a âncora que sustenta a nossa esperança, pois temos a certeza de que o Pai governa sobre todas as coisas. Em vez de sucumbir ao desespero, podemos nos render e nos prostrar em confiança. O que hoje parece um beco sem saída pode ser, amanhã, a estrada que nos conduz a uma experiência mais profunda da graça soberana desse Deus. O que agora enxergamos como dor, um dia será lembrado como o caminho que nos aproximou mais de Cristo. Todas as coisas cooperam para o nosso bem, e o nosso bem é ser parecidos com Cristo (Romanos 8.28-29). Descansar na soberania de Deus não significa ignorar a dor ou as lágrimas, mas ter a convicção de que elas não são em vão ou sem propósito. Ele conhece cada uma delas, e prometeu que, no tempo certo, enxugará e cessará todas (Apocalipse 21.4). Assim, quando “tudo dá errado” ou quando pensamos que “as coisas fracassaram”, na verdade estamos sendo lembrados de que não somos donos da nossa história. O Autor dela é o Senhor, e Ele escreveu cada capítulo com sabedoria infinita e amor perfeito. A Deus todas glória.Em Cristo, Clinton Ramachotte

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Deus, Teologia

A oração muda as coisas?

Muitos crentes, em algum momento, se fazem essa pergunta. À primeira vista, a resposta parece simples. “Sim, a oração muda as coisas”, porém, precisamos olhar com mais cuidado a fim de compreender o que isso realmente significa à luz da Palavra de Deus. Em primeiro lugar, é necessário afirmar que a oração, em si mesma, não possui poder intrínseco para mudar circunstâncias. Quem tem todo o poder é o Senhor. Ele é soberano, governa sobre todas as coisas e “faz todas as coisas segundo o conselho da sua vontade” (Efésios 1.11). Nada acontece fora do Seu propósito eterno. Por isso, pensar que a oração pode alterar o plano de Deus seria reduzir Sua majestade e colocar o homem no centro. Entretanto, as Escrituras nos mostram que Deus, em Sua sabedoria e graça, escolheu agir também por meio das orações de Seus filhos. Assim, quando oramos, não estamos acrescentando poder à vontade de Deus, mas nos tornando instrumentos pelos quais Ele executa Seus decretos eternos. Tiago nos diz: “A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos” (Tiago 5.16). O poder não está no homem que ora, mas no Deus que responde a oração. Aqui está o grande mistério e a beleza da oração: embora Deus seja imutável e soberano, Ele determinou que nossas súplicas fossem parte do cumprimento do Seu plano. Dessa forma, podemos dizer, sem contradição, que as coisas mudam quando Deus age por meio da oração. Não porque nós O convencemos, mas porque Ele já havia ordenado agir assim, usando as nossas petições como meio. Além disso, não oramos para “mover a mão de Deus” de acordo com nossa vontade egoísta. Oramos porque dependemos dEle e desejamos comunhão com o nosso Pai. Na medida em que cultivamos essa comunhão, aprendemos a pedir corretamente, como Jesus ensinou: “Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mateus 6.10). A oração verdadeira não é uma tentativa de “dobrar” a vontade de Deus, mas um caminho para alinhar o nosso coração ao Seu querer. Quando nos ajoelhamos em oração, não buscamos mudar a mente ou os planos de Deus, mas nos rendemos a Ele. E, nesse relacionamento de confiança, o Senhor nos concede a graça de ver Sua poderosa mão agindo em resposta às nossas súplicas. Podemos dizer que, sim, a oração muda as coisas, não porque tenha força em si mesma, mas porque o Deus soberano decidiu operar através dela para cumprir o Seu eterno propósito. Em Cristo,Clinton Ramachotte

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