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Aconselhamento, Teologia

“FAZEI TUDO PARA A GLÓRIA DE DEUS”: COMO?

A vida do cristão deve ser facilmente distinguida em meio a uma multidão. Ele [o cristão] é alguém diferente. Caminha na contra-mão do mundo, age contrário à sociedade depravada e se preocupa com o que os outros pensam dele. Além disso, “o cristão verdadeiro é uma pessoa estranha em todos os sentidos. Ele sente um amor supremo por alguém que ele nunca viu; conversa familiarmente todos os dias com alguém que não pode ver; espera ir para o céu pelos méritos de outro; esvazia-se para que possa estar cheio; admite estar errado para que posa ser declarado certo; desce para que possa ir para o alto; é mais forte quando ele é mais fraco; é mais rico quando é mais pobre; mais feliz quando se sente o pior. Ele morre para que possa viver; renuncia para que possa ter; doa para que possa manter; vê o invisível, ouve o inaudível e conhece o que excede todo o entendimento” (A. W. Tozer). O cristão realmente é um ser incomum. Porém, é válido ressaltar que esse ser, que se chama de cristão, não possuí duas vidas em uma. No trabalho “secular”, ele não deixa de ser cristão; na faculdade “secular”, ele não deixa de ser cristão. O Espírito Santo não deixa de habitar no cristão de segunda a sábado e volta a habitá-lo no domingo. O falso pensamento de que temos uma vida secular e uma vida religiosa é invenção humana. Deus nunca teve em mente fazer tal separação. Gosto da frase de Spurgeon onde diz que “para um homem que vive para Deus, nada é secular, tudo é sagrado”. Não existe essa separação. Somos cristãos inseridos em um meio secular, mas não fazemos coisas seculares e é esse o ponto que quero tratar nesse texto. Paulo escrevendo aos Coríntios, diz: “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus.” (1 Coríntios 10:31). Como fazer “tudo para a glória de Deus”? Tudo é tudo mesmo? Essas e outras perguntas nos vêm a mente e são pertinentes. Não devem ser simplesmente ignoradas. Creio que o ponto chave das palavras do apóstolo Paulo aqui não é a preocupação perfeccionista de fazer as coisas. Afinal, é possível que alguém peque fazendo o que é certo, mas com a motivação errada. Por exemplo, alimentar o faminto na rua é algo bom, mas se faço isso para obter bençãos divinas ou para exaltar a minha pessoa, estou pecando contra Deus, mas fazendo a coisa certa. A questão de glorificar a Deus em tudo gira em torno de uma consciência que jamais esquece a pessoa de Deus. É possível comer um prato de comida para a glória de Deus? Sim, quando trago cativo à minha mente, em todos os meus dias de trabalho que estou naquele lugar por causa do meu Deus e não porque tenho mestrado nisso e doutorado naquilo. Do mesmo modo, posso muito bem glorificar a Deus preparando um bolo quando, no momento em que o preparo, trago à minha mente a pessoa de Cristo e entendo que ali, fazendo um bolo, eu sou um cristão. Tomando banho? Uma boa maneira de glorificar a Deus nesse momento é, principalmente, não fazer mal uso desse corpo no que diz respeito a impureza sexual. Muitos, no banho, preferem se masturbar ou até mesmo fechar os olhos e pensar naquela mulher sensual que viu mais cedo. Isso glorifica Satanás, mas não Deus. Lembre-se disso: o Senhor é glorificado quando trazemos para dentro do nosso coração e mente quem Ele é e o que Ele fez. Isso é uma expressão de louvor a Deus. Portanto, não é impossível fazer tudo para a glória de Deus. Talvez haja questionamentos, dizendo “e quando pecamos, como glorificar a Deus nisso?”. Embora o pecado não deva ser cogitado por nenhum cristão, ele é real, mas ainda assim, glorificamos a Deus quando não nos escondemos como nosso pai Adão fez, mas corremos para os braços do nosso Salvador a fim de alcançarmos perdão. Por causa da nossa natureza, somos inclinados sempre a correr para mais longe de Deus quando pecamos, mas não podemos fazer isso. Se há um momento que devemos correr desesperadamente para Deus e não de Deus, é esse. Deus é glorificado quando compreendemos que Ele é maior do que qualquer pecado. O primeiro passo para Deus ser glorificado em nossos trabalhos, passeios, momentos de lazer, é compreendermos que somos cristãos 24 horas por dia. A maneira como fazemos todas as coisas é influenciada diretamente pela nossa cosmovisão, que é cristã. Ou seja, quando for comer, sou um cristão comendo. Portanto, preciso reconhecer quem me deu forças para acordar todos os dias, trabalhar e ganhar dinheiro e também exaltá-lo por me dar esse alimento. É necessário que reconheçamos que veio das mãos de Deus, não das nossas, ainda que tenhamos trabalhado vinte horas por dia. A Palavra de Deus, nossa única regra de fé e prática deve permear todas as esferas do nosso ser. O que falamos, pensamos e fazemos é movido pela fé em Cristo que em nós foi encucada. Não há nada que possamos fazer que isente Cristo. Antes, em tudo que fazemos, fazemos por Ele e para Ele. Que Deus nos ajude a vivermos essa verdade tão preciosa. – Clinton Ramachotte