É, esse é o tema do momento. O advento da internet (como muitos chamam) abre espaço para que qualquer pessoa, seja ela sensata ou não, sábia ou tola, comente sobre tudo. Até porque, o que pode gerar mais curtidas e seguidores, é exatamente o que vou postar, caso esse seja esse o meu objetivo. No momento, muito tem se falado sobre filhos, e tendo isso em mente, preciso esclarecer alguns pontos que vi sendo levantados em meio a esse fogo cruzado.
Devo começar dizendo que o assunto “filhos” não deve ser tratado de forma simplista. É preciso que sejamos exaustivos, caso desejamos adquirir uma posição consistente e bíblica. Com isso, devemos entender, biblicamente, o que são os filhos tanto para Deus, quanto para os pais.
Diz a Palavra de Deus:
“Eis que os filhos são herança do SENHOR, e o fruto do ventre o seu galardão.”
(Salmos 127.3).
Pela Bíblia, entendemos que filhos são: herança do Senhor. Perceba que aqui, o salmista não diz que os filhos são herança dos pais, mas do Senhor. E por que? Porque tudo o que existe, existe com o objetivo de glorificar a Deus. Nosso casamento, nossos bens, nossos filhos, tudo isso é sobre Deus ser glorificado, e não sobre o “eu” ser satisfeito.
Entendendo que filhos são heranças do Senhor, o que claramente configura-se como benção, devemos tratar esse assunto não com a pergunta “sou obrigado(a) a ter filhos?”, mas “devo querer ter filhos?”.
Yago Martins pontuou muito bem em seu Twitter quando disse: “Para um cristão, não querer ter filhos é pecado. Você pode não ter, pode decidir adiar, pode até tomar a decisão pela infecundidade baseado em motivos e circunstâncias diversas, mas deveria querer e tratar a própria infecundidade como uma circunstância ruim.”
Mencionei no começo do texto que não devemos tratar esse assunto de forma simplista, e quando parto do pressuposto “sou obrigado(a) a ter filhos?”, estou sendo simplista, pois não é essa a tensão existente no cotidiano cristão. Devemos tratar aqui sobre QUERER ou não ter filhos.
Se entendemos pela Bíblia que ter filho é benção, por qual motivo não vamos querer? Acaso alguém que seja regenerado deseja não receber uma benção claramente expressa na Escritura? Isso é irracional.
Seja como for, não devemos tratar sobre OBRIGAÇÃO, mas sobre QUERER. Por qual motivo alguém, que seja cristão, não quer ter filhos?
Recentemente, o apresentador Fábio Porchat disse algo bem polêmico sobre ter filhos, e que espantou muitos cristãos: “É um inferno ter filho. O maior medo é perder o que construímos. Somos muito companheiros. Tenho medo de um filho atrapalhar. Esse casamento me dá paz, a gente compra as maluquices um do outro. E filho atrapalha”, disse o apresentador.
Mas veja bem, a diferença entre Fábio Porchat e os cristãos que não querem ter filhos pois colocam seus sonhos e objetivos profissionais e pessoais antes de uma herança do Senhor não é tão gritante assim. Na verdade, estão mais parecidos do que diferentes. Se por um lado, um incrédulo declara não querer ter filhos porque eles atrapalham, “cristãos” tem declarado nas entrelinhas a mesma coisa quando decidem NÃO QUERER ter filhos.
Entendeu porque não devemos tratar a chamada de Deus para a maternidade/paternidade como obrigação? Cristãos devem QUERER ter filhos, ainda que em um futuro distante, mas jamais tratar vidas que são tão preciosas para Deus como uma “obrigatoriedade“. Tratemos essa questão como Deus, e não como nosso coração egoísta e pecaminoso trata.
– Clinton Ramachotte
Clinton Ramachotte é membro da Igreja Batista em Moraes Prado, na capital de São Paulo.
Bacharel em Teologia pela FATERGE, e também pela ESTEC-REF. É também professor da matéria de Seitas e Heresias na ESTEC-REF.
Autor de obras importantes na apologética, como “Os 5 Solas e Eu: A Prática Piedosa dos Solas da Reforma”, “Resposta aos Adventistas do 7° Dia: Um Tratado Apologético”, “Desvendando o Islamismo: Dissecando a Religião Muçulmana”, dentre outras obras.
