E SE… A REENCARNAÇÃO FOSSE VERDADEIRA? Um conto sobre Pelágio e John Wesley

Disclaimer (Aviso)

⚠️ Observação Importante: Este texto é uma alegoria ficcional e satírica criada pelo autor para fins de debate teológico. A ideia de John Wesley ser a reencarnação de Pelágio e George Whitefield a reencarnação de Agostinho é uma licença literária e histórica para ilustrar a natureza eterna do debate entre o Sinergismo (Livre-Arbítrio) e o Monergismo (Graça Soberana). O texto não deve ser interpretado como um fato histórico ou uma crença literal do autor ou da doutrina cristã sobre reencarnação. Atenção: 📜 A menção à reencarnação serve apenas como um recurso narrativo. 🛑

Na neblina cinzenta da Inglaterra do século XVIII, eis que surge John Wesley, um pregador incansável, com calças apertadas, peruca impecável e um entusiasmo tão exagerado que mais parecia tentar convencer a si mesmo do que a multidões. O que ninguém suspeitava, nem mesmo Wesley, às vezes, era que ele carregava a alma de um homem antigo, obstinado e que gostava muito de debater. Seu nome? Pelágio. Sim, Pelágio, o mesmo que outrora debatera com Agostinho, agora reencarnado, tentando corrigir o mundo inteiro com sermões e passadas apressadas.

Wesley-Pelágio se lembrava vividamente: ”Ah, como eu era perspicaz em Roma! Como eu defendia a liberdade do homem com tanta convicção que até Deus parecia duvidar de si mesmo!” Ele ria sozinho em seu quarto de hóspedes em Oxford, imaginando a ironia. Agora, ele teria um exército de seguidores, bandas de fiéis que corriam pelos campos de Inglaterra, tentando demonstrar que a salvação poderia ser escolhida por livre-arbítrio, cultivada, melhorada, quase como um treino de ginástica moral.

O problema é que, como sempre, havia um homem chamado Whitefield. George Whitefield, nada menos que a reencarnação de Agostinho, corria pelas estradas do país pregando simplesmente o que a Bíblia ensinava. Ou seja, que o homem é incapaz de ir até Deus, que a graça irresistível era um fato incontestável e que Wesley, coitado, estava apenas enganando a si mesmo e aos pobres aldeões. Cada encontro entre eles, apesar de agora serem bons amigos, era como uma partida de xadrez espiritual, exceto que, em vez de peões e bispos, havia multidões, sermões e olhares de desdém (pouco se conta que Whitefield confrontava e exortava Wesley com frequência devido a sua crença sinergista).

Wesley, lembrando das disputas antigas, murmurava para si: *_”Aquele velho Agostinho… ainda insiste em vencer debates, agora na forma de Whitefield, mas desta vez, meus sermões serão maiores, mais longos, mais apaixonados! Mostrar-lhe-ei que todos podem escolher! Todos! Até o cavalo do padeiro!”

E, de fato, Wesley pregava como se cada alma fosse um projeto de engenharia moral, por assim dizer. Ele acreditava piamente que, se falasse o suficiente, caminhasse rápido o suficiente, escrevesse panfletos suficientes, poderia literalmente moldar o destino de cada pecador inglês. Pelágio, orgulhoso, sorria para si mesmo: ”Finalmente, o mundo verá o triunfo do livre-arbítrio!”

Enquanto isso, Whitefield ria de volta, com aquela confiança de Agostinho que vinha desde os séculos passados: ”Deixe-o tentar. Ele acredita no livre-arbítrio como se fosse magia. Que ele corra, que ele pregue. No fim, a graça irresistível não falha.”

E assim, a Inglaterra se transformava em um palco de sátira espiritual, por assim dizer. Wesley-Pelágio corria pelas ruas, pregando que a escolha humana poderia alcançar qualquer coisa, enquanto Whitefield-Agostinho subia aos púlpitos, dizendo que nada do que Wesley ensinava importava, porque só a graça de Deus é fator determinante para a salvação. E em algum lugar, no fundo, o mundo inteiro ria da eternidade, sabendo que mesmo a reencarnação não havia mudado a arrogância humana nem o drama da criação.

No fim das contas, a reencarnação era a cereja do absurdo. Pelágio agora tentava vencer Agostinho, Wesley tentando convencer o mundo inteiro, e o pobre Whitefield só pensava: ”Será que ele nunca cansa de correr?” E assim o ciclo continuava, eternamente, entre sermões intermináveis, passos apressados e um ego que acreditava poder moldar a salvação à força do entusiasmo e da razão humana.

A história é fictícia, é claro, mas sabemos que existe um fundo de verdade. O espírito de Pelágio ainda vive. Você sabe como identificá-lo?

— Clinton Ramachotte

Clinton Ramachotte é membro da Igreja Batista em Moraes Prado, na capital de São Paulo.
Bacharel em Teologia pela FATERGE, e também pela ESTEC-REF. É também professor da matéria de Seitas e Heresias na ESTEC-REF.
Autor de obras importantes na apologética, como “Os 5 Solas e Eu: A Prática Piedosa dos Solas da Reforma”, “Resposta aos Adventistas do 7° Dia: Um Tratado Apologético”, “Desvendando o Islamismo: Dissecando a Religião Muçulmana”, dentre outras obras.

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